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GENTE DE LAVRAS – ANE ROSE

Faz dias frios na região da campanha gaúcha, mas o sorriso dessa lavrense aquece qualquer ambiente. E foi assim que ela nos recebeu, com a casa de portas abertas para um papo descontraído sobre sua trajetória de vida.

Aos 26 anos desembarcava em Lavras do Sul para começar uma vida nova ao lado do Robson, seu marido. E hoje é mãe de três filhos, Alisson, Gabriel e Lorenzo, motivos de grande orgulho. Relembra que aos 11 anos foi afastada da família para ser criada por outra, com melhores condições financeiras, mas acredita que esse tempo que deu a base da qual precisava para decidir fazer na vida apenas o que sabe e gosta.

A música e a dança sempre fizeram parte de sua história. Os olhos dela brilham ao falar que, quando criança, aprendeu a dançar subindo nos pés da avó paterna, Dona Esaura Silva. Sorri contando que ouvir Michael Jackson no rádio – eles não tinham televisão naquela época – era um de seus maiores prazeres. Quando, aos 12 anos, começou a trabalhar como babá, divertia-se assistindo com as crianças ao Show da Xuxa, e vangloria-se: “eu sabia todas as coreografias”.

Ao falar sobre o Grupo Vem Dançar, fica visível a emoção com a qual ela conta cada detalhe dessa história. Após cinco anos do seu retorno para Lavras, Ane Rose percebeu que havia chegado o momento de fazer algo pelo próximo; então se juntou com algumas amigas e iniciou uma turma de dança. As aulas aconteciam em uma sala cedida pela diretora da Escola Dr. Crispim. Logo ela seria convidada para trabalhar na Secretaria de Educação do município e lá veria seu projeto expandir. “Até então, eu só atendia crianças da Olaria, mas, com a chance de ensaiar no Auditório Municipal, comecei a atender crianças de outros bairros” conta.

Desde seu início o grupo já beneficiou cerca de 200 crianças e adolescentes e atualmente conta com 74 integrantes. Mas foi em 2011, que idealizou e concretizou um sonho: realizar um festival de danças em Lavras. O Ourodança teve a ajuda de muitas pessoas, em especial do Grupo The Manifest, de Bagé. Eles haviam participado de um concurso de dança de rua no Programa da Xuxa. Ela conta que a parceria deles só engrandeceu o evento: “sinto-me honrada em dizer que eles foram pioneiros comigo e fico feliz em tê-los todos os anos ao meu lado”.

Para se ter uma ideia da importância dessa iniciativa, o Ourodança já fez parte do calendário de eventos oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e já passaram pelo festival grupos de Bento Gonçalves, Porto Alegre, Rosário do Sul, São Gabriel, Caçapava do Sul, Bagé, Dom Pedrito dentre outros, com um número bastante expressivo de mais de 300 dançarinos participantes em uma única edição (2012).

Este ano aconteceu a 8ª edição do evento, mas ela fala que, apesar de saber que contribuiu com um pouco do que acha ser a solução para a grande maioria dos problemas das cidades, ainda se preocupa com o futuro do município. Rose diz que vê muitos problemas envolvendo os jovens na cidade e acredita que somente a educação, a cultura e o esporte podem mudar esse panorama. “Ninguém faz nada sozinho. Precisamos de todo mundo que puder ajudar. Criei o grupo e o festival, pois acho que alguém deve começar, mas não fiz nada sozinha!” argumenta ela. Bate no peito e orgulhosa diz que tem as ideias, mas que as estrelas são seus dançarinos. “São eles que sobem no palco. O espetáculo é deles!”.

Nos bastidores, Ane Rose, conta com a colaboração de muita gente. Ex-alunos, pais de alunos, e sua família, que, de forma voluntária, estão sempre dispostos a ajudar de coração, e transformam a vida de muitos jovens na cidade. Embora ainda não haja um local fixo de ensaio, as aulas acontecem em salas cedidas pelas escolas, em praças, ou em espaços que propiciem ensaiar suas coreografias.

Rose é visivelmente uma mulher de muita fibra. Ela conta que muitas vezes a questionam por não cobrar pelo trabalho com a dança, mas ela diz que apesar de ver muita cara feia e muita gente tentando “puxar seu tapete”, acredita que cada um vem com uma missão. Saber que pode proporcionar aos jovens uma alternativa para os problemas que passam é suficiente. “Essa questão da solidariedade para mim é muito importante, pois há alunos que só querem um abraço, muitas vezes não querem nem dançar, querem só alguns minutos de atenção e conversa, e isso sempre posso oferecer” conta orgulhosa.

Quando começamos a falar sobre suas atividades extras, ela dá risada. Além de cuidar dos filhos, do marido, ser merendeira e cuidar do grupo de dança, diz que adora séries, que ama ver filmes e gosta de artesanato. Quando pergunto como é possível achar tempo para fazer tantas coisas, ela diz que, quanto mais coisa faz, mais tempo aparece. “Sou virginiana, portanto gosto de tudo certinho, mas já fui mais perfeccionista” conta. Hoje ela diz ser uma merendeira muito feliz, que realiza suas tarefas com muito amor porque faz o que buscou e acredita muito na velha máxima: “quem trabalha no que gosta nunca cansa”.

Contudo ainda encontra tempo para brincar com os filhos, perceber Deus nas pequenas coisas, e, apesar de ser muito acelerada, gosta de ter momentos de relaxamento, admirando a natureza.

“Muitas vezes acho que já cheguei ao meu limite, que já fiz minha parte aqui na cidade” Ela fala isso repetidamente, mas é visível que Ane Rose ainda fará muito por Lavras do Sul.

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