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Mulher no campo: trabalho, amor e dedicação

Nascida e criada em uma propriedade rural de Lavras do Sul, Vanuza Lopes Soares Lucas, de 27 anos, nunca pensou em ser apenas a filha do dono. Ela e o irmão, Vítor, 12 anos mais velho, foram acostumados desde muito pequenos a participar das atividades do campo.

Foi sentada debaixo das árvores da casa onde mora com o marido e o filho que ela nos recebeu para falar um pouco sobre o dia a dia de uma mulher da campanha.

“Minha relação com o campo e o cavalo vem desde a barriga da minha mãe. Ela era peão do pai, e por um erro de cálculo trabalhou até o 7º mês de gravidez. Quando fiz um mês já ficava na casinha da inseminação, dentro do carrinho dormindo enquanto eles lidavam” conta orgulhosa Vanuza.

Apesar da grande diferença de idade para o irmão, ela conta que sempre foram muito amigos. “Quando pequena tinha ciúmes dele, mas aos poucos fui entendendo que cada um tinha seu espaço dentro de casa. Eu tinha só 12 anos quando ele casou, então deixamos de conviver diariamente muito cedo, mas nunca deixamos de ser companheiros”.

Não passaria muito tempo para Vanuza também sair de casa. Ela e Ery Jr., seu marido, se conheceram em plena Semana Farroupilha quando a lavrense tinha apenas 14 anos. “Nos encontramos no dia 20 de setembro, um mês depois já estávamos namorando. No dia que completei 15 anos ele me pediu em noivado e um ano depois, com 16, casamos” fala feliz sobre a trajetória ao lado do esposo.

Mas quem pensa que ela se dedicaria apenas às lidas da casa se engana. “Quando estava noiva a mãe me chamava pra aprender alguma coisa de cozinha, um novo prato e tal, e eu imediatamente avisava o pai no galpão: – Fala na frente da mãe que tu precisa de mim para um serviço grande. E lá ia ele, e eu ganhava uma desculpa para ir para o campo”.

Enquanto conversávamos João (9), seu único filho, batia bola em meio a galinhas e cavalos da propriedade. Para Vanuza o nascimento dele significou a realização de um sonho. “Logo que casamos já imaginava a chegada de um gauchinho ou gauchinha. Como o meu sogro já estava doente nesta época, resolvemos que teríamos filho logo, para que ele pudesse conhecer um neto do único filho homem”. E assim foi.

Há 13 anos juntos hoje os três são companheiros das lidas do campo. “Nossa vida é muito simples: acordo quando o dia amanhece, dou comida para os cavalos mansos e arrumo o João para a escola. Há seis anos trabalho na casa de uma família, mas nas terças e quintas fico o dia todo em casa. Daí acompanho o Ery nos afazeres. E sei fazer de tudo, não me aperto em ficar sozinha se precisar”.

Sem muitos luxos, Vanuza conta que não gosta muito de assistir televisão, seu companheiro é o rádio. Mas o que mais gosta de fazer nos finais de semana é participar dos rodeios. Apaixonada por cavalo participa desde pequena de provas campeiras. “Com três anos já montava a cavalo sozinha, com oito já aprendeu a laçar. Meu irmão foi meu maior incentivador e se hoje estou ganhando prêmios em rodeios devo muito a ele”.

Realizada com a participação no evento Mulheres de Ouro, o primeiro da raça crioula exclusivo para mulheres, Vanuza torce para que cada dia mais eventos como este aconteçam. “Merecemos este tipo de evento porque já provamos que podemos participar de igual para igual com os homens, mas ainda somos minoria, então fica difícil se destacar. Fico muito orgulhosa de poder dizer que fui uma das primeiras mulheres em Lavras a participar de rodeios, e este tipo de evento abre portas para que mais gurias aprendam a fazer as provas campeiras”.

Em uma postagem de suas redes sociais ela resume tudo em uma frase da música do grupo nativista Os Monarcas: “Sobre o lombo de um cavalo, de menina me criei. Coração sempre campeiro, desse jeito morrerei”.

Assista ao vídeo da nossa entrevistada.

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