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O bom filho à casa torna

Nascida em uma tradicional família lavrense, Alice Fernandes Prestes Araldi, é a caçula de 5 irmãos. Rosane, Herteo (Tinto), Simone, Charles e ela são filhos da Dona Cleone e do Sr. Lauro, e cresceram em uma casa cheia de primos, amigos e amor.

“Como gostaria de ter proporcionado para as minhas filhas a vida que eu tive. Em casa era uma eterna brincadeira. Nossa vizinhança tinha 7 ou 8 famílias com crianças, então ficávamos na rua até tarde aproveitando o verão” comenta Alice.

Apesar da diversão, ela conta que sempre teve pais muito firmes com relação à educação. “Nunca vi meus pais discutirem. Os assuntos deles ficavam entre o casal. Não tínhamos luxo, mas nunca nos faltou nada. Eles interagiam muito com a gente, íamos pescar, passávamos as noites de inverno na beira da lareira jogando carta e fazendo tricô. Todo verão íamos para o Cassino: o pai tinha um primo muito querido que trabalhava no Porto de Rio Grande e era um encontro marcado. A mãe dizia que não era luxo, que levando os filhos à praia mantinha os filhos mais saudáveis e economizava 11 meses de farmácia. No entanto, nossa maior obrigação sempre foi a escola.”

Dona Cleone é professora aposentada, foi diretora de Escola durante toda sua vida profissional. O Sr. Hervandil formou-se em Educação Física, já depois dos filhos um pouco crescidos por estímulo da esposa, e dividia seu tempo entre as aulas e um escritório de despachante. “A mãe era uma mulher à frente do seu tempo, e o exemplo de ambos fez com que os cinco filhos virassem professores. Passei no concurso do magistério municipal e estadual, mas no município, como o ano letivo já havia começado, fui deslocada para trabalhar na Secretaria de Turismo e fiquei por lá uns 3 anos.”

Nessa época Alice fez o Concurso para trabalhar como Extensionista Social Rural da Emater, e brinca que foi um castigo da mãe que ajudou na pontuação para ser aprovada. “Quando eu tinha 14 anos, estava de namorico e minha mãe me pegou. Tomei uma bronca daquelas, tinha que ir e voltar de ônibus do colégio e ela me colocou para fazer um curso de Tecelagem na extinta Fundação Pery Souza. Fiquei todo verão abrindo lã e vendo meus amigos passarem na rua. Mas foram 2 anos de muito aprendizado e que me valeram uma preciosa nota na prova de títulos do concurso”.

No final de 1996, Alice recebeu o telegrama de convocação para assumir na Emater. Ela conta que cogitou não se apresentar quando foi chamada para o trabalho: “A nomeação veio justamente no momento mais triste das nossas vidas. Meus pais estavam se organizando para aproveitar a aposentadoria, mas meu pai adoeceu. Imediatamente decidi que não deixaria meus irmãos e minha mãe sozinhos”.

Ela conta que uma conversa com o pai foi decisiva: “Meu pai disse que eu não poderia deixar passar a oportunidade, porque se não tudo o que ele tinha feito para ver os filhos crescerem e terem independência, não teria valido a pena”.

Alice já era mãe da Anne, que na época tinha 10 anos, e sair em meio ao furacão que estavam vivendo parecia improvável. “O prazo para me apresentar era 17 de fevereiro e ele faleceu no dia 23 de janeiro. No princípio minha filha ficou para cumprir o ano letivo enquanto eu estava em treinamento, mas no começo de 1998 ela foi morar comigo.”

Apesar do medo do desconhecido, já que Alice até então nunca tinha mudado nem de casa, ela assumiu o posto de Torres e de lá para cá já se passaram quase 23 anos. O retorno para Lavras do Sul aconteceu há pouco mais de 2 anos. “Voltar para Lavras foi uma decisão muito pensada. Neste meio tempo que fiquei fora casei com o Fernando, tive outra filha, a Melissa, e morávamos em uma cidade espetacular. Claro que pensamos muito no que poderíamos perder de “acesso”. Nova Petrópolis é uma cidade que está ao lado de Porto Alegre , mas nada como a casa da gente”.

Ela conta que adora a natureza de Lavras do Sul e que o trabalho com a Emater proporciona vivenciar isso muito de perto. “Até me aposentar quero visitar todas as comunidades do município, conhecer cada canto rural daqui. Porque tu chega por exemplo no Rincão do Saraiva e eles tem o sotaque deles, com uma cultura muito própria e, que é diferente da região da Nazária ou do Ibaré”.

Nos momentos de lazer Alice gosta de ir ao paredão, diz que adora a liberdade e o companheirismo das pessoas da cidade, e que dedica uma boa parte da vida a sua espiritualidade. “Minha mãe sempre fez parte dos trabalhos da Igreja Católica, mas eu briguei com a Igreja na época da catequese. Não entendia porque colocavam a culpa toda em uma maçã” ela conta aos risos, e conclui “quando entendi o significado percebi que tinha sido enganada e resolvi procurar outros caminhos, mas quando vi que todos tinham seus problemas optei por voltar as minhas origens religiosas e estudar a fundo tudo o que a Igreja diz, sem pieguices ou hipocrisias. Aquela frase: “esse é o mistério da Vossa fé” me instiga e eu quero saber que mistério é esse”.

A extensionista rural conta que adora essa história religiosa cultural da cidade: “essa ligação de Lavras com Santo Antônio, nossa Igreja Centenária, tudo me encanta. Adoro ir à Missa e minha religiosidade está muito acima dessa lenda do padre que teria amaldiçoado a cidade”.

Há pouco tempo de sua aposentadoria Alice conta que por vezes pensa em seguir trabalhando, mas acha que será um momento maravilhoso para se dedicar ao artesanato e principalmente aos netos. “O João Lucas e o Jeremias são duas crianças espetaculares. Me dedico muito a eles e nos finais de semana pelo menos um dia são meus”.

Já dizia o ditado que “o bom filho à casa torna” e Lavras ganhou de volta uma apaixonada e dedicada profissional.

Assista abaixo a versão em vídeo:

Alice Fernandes Prestes Araldi fala para o Gente de Lavras

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